Primeiro Colóquio CIDADE PENSADA
Uma reflexão sobre a cidade e suas complexidades
Realização:
Programa de Pós Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea - ECCO UFMT
Secretaria de Estado de Cultura
Dia 12 de abril de 2012 - Horário: 08 às 18 horas
Local: Salão Nobre do Palácio da Instrução
8:00 Abertura
Mesa 1- A cidade, seus mitos, suas tradições e ressignificações.
Coordenação da mesa: Profa Dra Ludmila Brandão
8:30 Poéticas das Águas: Mito e pensamento científico no rio Cuiabá. Prof Dr. Mário Cezar Silva Leite
Este trabalho mostra como a permanência de um mito, no imaginário popular da população ribeirinha das margens do rio Cuiabá-MT, atrela-se a sua possível explicação “científica”. A explicação encontra-se essencialmente ligada à campanha do petróleo brasileiro e a Monteiro Lobato. No entrecruzamento do imaginário popular e o do científico misturam-se o monstro Minhocão e os sinais de petróleo em Mato Grosso.
8:50 Iconografia das Águas: o rio e suas imagens. Prof Dr. José Serafim Bertoloto
A diversidade das relações tecidas entre natureza e homem vão sendo descobertas a partir de material investigado sobre as imagens do rio Cuiabá feitas pelos artistas plásticos da região e de uma bibliografia sobre natureza, paisagem, mimetismo, imaginário, estética, arte e história da arte. As formas de entender esta natureza são várias e configuradas como semiose de pensamento diagramal em fluxão; implicam inexoravelmente na percepção e construção do próprio mundo, – concebe-se aqui o mundo construído com e através das imagens.
9:10 Os Festivais de Cururu e Siriri: “tradição” e etnografia na roda. Profa Dra. Patrícia Osório
Esta proposta de comunicação tem como objetivo apresentar dados etnográficos sobre os Festivais de Cururu e Siriri, que ocorrem anualmente na cidade de Cuiabá, e ao mesmo tempo refletir sobre os atuais desafios da busca etnográfica na contemporaneidade. Etnografar a dinamização do siriri e do cururu em novos espaços simbólicos aponta para mudanças nas sociabilidades festivas, mas também para as potencialidades do fazer etnográfico e das categorias analíticas que utilizamos em campo. Neste sentido, se o momento festivo pode ser visto enquanto experimentações, onde seus sentidos são atualizados na experiência da vida diária, a etnografia e nossas categorias analíticas também podem ser entendidas como tais.
9:30 Debate
10:00 Coffee Break
Mesa 2- A cidade e suas tramas, forças em movimento.
Coordenação da mesa: Profa Dra Maria Thereza Azevedo
10:20 Vozes e olhares enredados nas midias e internet. A cidade vista e construida/constituida pelos de dentro e pelos de fora: sons e imagens. Profa Dra Lucia Helena Vendrusculo Possari
Nossas pesquisas têm como objetivo primeiro constatar a construção e efeitos de sentidos. Algumas delas se agregam para esta comunicação. As investigações são de abordagem qualitativa. Em Mato Grosso, verificar os sentidos do falar cuiabano nas mídias; constatar os modos de representação de Cuiabá nas mídias; ouvir e acompanhar nas redes sociais e sites que apresentam Cuiabá, e, ainda, como Cuiabá se conecta com o mundo pela educação, são propósitos para verificar os efeitos de sentidos. O acompanhamento de programas de TV local: informação, entretenimento e educação, assim como blogs criados em Cuiabá e como uma lan house se apresenta como praça do bairro, além de programas de educação à distância, exigiram pesquisa documental, gravações, netnografia e entrevistas. Apresentaremos alguns resultados para reflexão.
10:40 Glorioso São Benedito: do culto marginal à festa mais popular do Estado de Mato Grosso. Profa Dra Débora Cristina Tavares
A festa de São Benedito tornou-se a mais popular do Estado de Mato Grosso e é quase tão antiga quanto a história da cidade. As festas populares representam uma ruptura na rotina das pessoas proporcionando momentos de lazer e diversão para todas as classes sociais numa mesma celebração. Exatamente por isso podem-se perceber os processos comunicacionais nela presentes uma vez que “agentes socialmente desnivelados operam intercâmbios sígnicos, negociam significados e produzem mensagens coletivas, cujo conteúdo vai se alterando conjunturalmente, sempre de acordo com a correlação de forças em movimento” (MARQUES DE MELO)
11:00 A Copa do Pantanal: Uma análise sobre os preparativos para a recepção da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá MT. Prof. Dr. Francisco Xavier Freire Rodrigues
Um estudo acerca dos preparativos da Capital de Mato Grosso para sediar jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Os objetivos da pesquisa são basicamente: (a) Investigar o processo de preparação da cidade de Cuiabá/MT para sediar jogos da Copa de 2014 e (b) Verificar e analisar as percepções da população cuiabana acerca dos benefícios trazidos pelo Megaevento (Copa do Mundo). Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, utilizamos como técnicas: revisão bibliográfica, pesquisa documental, entrevistas, fotografias, filmagens, entre outros.
11:20 Debate
12:00 Almoço
MESA 3 – A cidade e seus múltiplos, outros, saberes.
Coordenação da mesa: Profa Dra Dolores Galindo
14:00 Cuiabá : as Raízes Etológicas da Violência de nossos Dias. Profa Dra Icléia Lima e Gomes
O relato resulta de uma pesquisa acerca das formas manifestas e latentes da violência havidas no espaço urbano e periferia de Cuiabá, mormente no interior e entorno próximo e distante dos muros de suas escolas. Partindo de uma perspectiva etológica e sócio-antropológica, chega-se a algumas constatações sobre a agressão, a diversidade de suas formas e efeitos perversos e, principalmente, sobre como é vivenciada e/ou referida por autoridades e especialistas que atuam junto a populações ditas 'de risco' - agentes ou vitimas da violência na cidade de Cuiabá.
14:20 A condição subalterna: cidade, informalidade e globalização. Profa Dra Ludmila Brandão; Rodolfo Polzin Rondon; Inara Fonseca; Carla Gavilan.
Reflexões resultantes do projeto de pesquisa intitulado “Circuitos subalternos contemporâneos: pessoas, objetos e valores em trânsito”, desenvolvido no âmbito do Núcleo de Estudos do Contemporâneo (UFMT/CNPq), a partir de dissertações de mestrado que tratam do camelódromo de Cuiabá, de práticas de cópia não autorizada (pirataria) e práticas subalternas de consumo.
14:50 O saber-fazer local: reflexões em torno das possibilidades de sua ressurgência e seu fortalecimento. Prof Dr José Carlos Leite
A comunicação visa abordar o saber-fazer dos grupos locais que nos últimos tempos vem recebendo um olhar diferenciado por parte dos investigadores do mundo acadêmico. Saber este que a modernidade e o saber científico, em seus desdobramentos históricos e em suas pretensões de “detentores da universalidade”, buscaram desqualificar. Vive-se o momento em que o saber-fazer pode recuperar sua potência, uma vez que, ao mesmo tempo em que a cultura-mundo (que emerge na contemporaneidade e que se faz presente nos espaços urbanos e rurais de MT) tende a tudo uniformizar e estandardizar, paradoxalmente, permite - e até mesmo estimula - a ressurgência as singularidades aportadas pelo saber-fazer local. Este saber-fazer comporta aspectos do que Gilberto Freyre chamou de “pequenos nadas” ao comparar dos com aquilo que outrora se tomou por “grandes feitos” de personagens históricos. A comunicação busca focar o deslocamento que se tem realizado, no campo epistemológico, dos “grandes feitos” para os “pequenos nadas” para dar conta das singularidades mencionadas.
15:10 Debate
15:40 Coffee break
MESA 4 – A cidade e seus lugares reinventados.
Coordenação da mesa: Profa Dr. Mário Cesar Silva Leite
16:00 Macondo-Patópolis-Cuiabá: fronteiras imaginárias da cidade. Prof. Dr. Yuji Gushiken
Entre a cidade vivida, a cidade pensada e a cidade imaginada está a cidade comunicacional. A cidade comunicacional é aquela que se constitui como produto, meio e matriz das relações sociais. A produção, a gestão, a circulação e o consumo de informações são elementos do processo simultaneamente econômico, social, político e tecnológico que produz uma imagem de cidade como espaço de fluxos. Busca-se discutir a experiência de modernização da cidade quando se trata de considerar o que significa estar ou não conectado ao país e ao mundo através das redes de transportes e de telecomunicações. Entre a literária Macondo (esquecida pelo Estado) e a midiática Patópolis (símbolo do capitalismo), Cuiabá questiona-se a si mesma sobre o que significa, afinal, viver numa cidade quando a experiência urbana, em especial o mundo do trabalho, está conectada, de modo invariavelmente tenso e em diferentes níveis, com as incertezas das políticas públicas e dos fluxos da economia global.
16:20 Tempo da rua, tempo na rua. Prof Dra Juliana Abonizio
Esta comunicação propõe uma reflexão sobre a rua e o tempo em suas ambiguidades. Por um lado, a rua como lugar de encontro e passagem, o tempo, por sua vez, como recurso escasso na pressa da vida urbana e ao mesmo tempo alvo de desperdício, no trânsito e nas conversas "jogadas fora". Para realizar essa reflexão, utilizei fotografias de teor etnográfico que permitiram observar as diversas apropriações dos espaços e os encontros urbanos, tanto os efetivos quanto os adiados. Os resultados apontam para o deslocamento da dinâmica urbana para o subúrbio.
16:40 Cidade reinventada: práticas estéticas coletivas na cidade de Cuiabá. Profa Dra Maria Thereza Azevedo
Comunicação a partir de experiências com intervenções urbanas pelo coletivo à deriva na cidade de Cuiabá. Nesta pesquisa compreende-se que as situações criadas como intervenções urbanas estão no âmbito das experiências de práticas artísticas contemporâneas, que buscam por meio de processos colaborativos, o exercício do estar junto na cidade. São referenciadas pela arte contextual (ARDENNE) cujas ações se apoiam nas circunstâncias dos espaços abordados, arte em curso, processual, de estado transitório, aberta, que valoriza a experiência, o confronto direto com o real, estabelecendo vínculos com os lugares. Nestas estratégias de convívio, estados de encontro, na simplicidade dos fazeres, a reinvenção de novos espaços-tempo e a criação de mundos possíveis, que se traduzem em novas formas de apropriação da cidade.
17:00 Debate
17:30 Encerramento